Aficionado por avião, operário da obra de Viracopos sonha voar pela 1ª vez


Operário Daniel Brito dos Santos observa avião no aeroporto de Viracopos (Foto: Leandro Filippi / G1)

Para ficar perto da 'paixão', Daniel dos Santos também já trabalhou na limpeza.
Baiano de 21 anos é responsável por sinalizar a área de expansão do terminal.


No aniversário de 11 anos, o baiano Daniel Brito dos Santos foi perguntado sobre o sonho dele. À época, já morador de Campinas (SP), disse gostar de aeronaves e ganhou de presente uma "visita" ao Aeroporto Internacional de Viracopos para observar as máquinas do lado de fora. Passados dez anos, o agora operário das obras de expansão do terminal tem outras vontades. Cursar engenharia aeronáutica e voar de avião.

Morador há 12 anos da cidade do interior paulista, o baiano de Juazeiro acumula experiências profissionais em Viracopos. Passou pela limpeza do terminal de passageiros e há cinco meses é responsável por colocar placas de sinalização nas obras de expansão. "Quando eu cheguei para morar em Campinas, todo tempo que eu ia para a escola eu via os aviões descendo. Falei 'poxa, que coisa incrível, eu nunca tinha visto tão perto'. E minha curiosidade foi maior, então tentei um meio de trabalhar no aeroporto, ficar perto de uma coisa que eu gosto", contou.
Operário Daniel Brito dos Santos no aeroporto de Viracopos (Foto: Leandro Filippi / G1)Operário Daniel Brito dos Santos no aeroporto
de Viracopos (Foto: Leandro Filippi / G1)
Santos mudou-se para Campinas aos 9 anos, em uma viagem de três dias à bordo de uma carreta junto com a irmã mais velha, uma tia e a prima. Em busca de emprego, o pai e a mãe já haviam trocado a Bahia pelo interior paulista. Com a mulher e a afilhada de um ano e três meses, atualmente mora próximo a Viracopos, no Jardim Explanada. Na rotina, divide o canteiro de obras com aproximadamente 7,9 mil operários das obras de expansão do aeroporto.

'Cheguei com medo'
Há um ano e três meses em Viracopos, o operador de caminhões de grande porte Nilson José da Silva chegou ao aeroporto quando começava a terraplanagem. O paulista natural de Ribeirão Grande trabalha há 22 anos com construção civil, mas relata nunca ter atuado em uma obra de grande porte. "Cheguei com medo pensando que o serviço ia ser totalmente diferente do que eu já era acostumado a fazer. Mas é a mesma coisa, não teve diferença nenhuma", afirmou.
Operários das obras de Viracopos (Foto: Leandro Filippi / G1)Nilson, Fabio e Daniel, operários da ampliação de
Viracopos (Foto: Leandro Filippi / G1)
O operário trabalhava em Jundiaí (SP) antes de ir para as obras do aeroporto. Silva decidiu sair da cidade natal em busca de salários melhores e, desde então, acumula passagens por diversas cidades, como Tietê (SP) e municípios de Minas Gerais. "A dificuldade veio vindo e a gente tem que procurar melhoria e acaba saindo", disse. A primeira etapa de expansão de Viracopos está em fase final e, em dados divulgados no dia 7 de maio, o novo terminal estava 92% concluído.
O operador de caminhões tem dois filhos e a mulher mora em Ribeirão Grande, a aproximadamente 200 km de Campinas. A rotina de transportar terra nas obras é alterada em fins de semana, quando ele pega a estrada em direção à cidade natal. Silva, assim como Santos, conta ter "bastante" vontade de voar. "Medo eu não tenho, só não tive oportunidade até hoje", falou o paulista.

Diferentemente dos colegas, voar não está entre os desejos do baiano Fabio Ferreira da Silva Junior. O operário é primo de Santos e atua no mesmo setor. Também natural de Juazeiro, mudou-se para Campinas quando tinha 2 anos, após a morte do pai. Do trabalho nas obras de expansão, se para ele não fez diferença estar perto da rotina do aeroporto, a proximidade com os técnicos de segurança remete à profissão que tem vontade de seguir.
Operário de Viracopos Daniel Brito dos Santos exibe caixa com fotos de aviões (Foto: Leandro Filippi / G1)Santos mostra imagens de aviões que ganhou de
fotógrafo (Foto: Leandro Filippi / G1)
Presente: foto de aviões
Além do primo, Daniel Brito dos Santos trabalha com um tio e o pai. Antes de mudar-se para o Jardim Explanada, vivia com a família em um bairro onde era possível observar os aviões e o costume o fez memorizar os dias que cada tipo passava por Viracopos. Perto de casa, conheceu um fotógrafo de São Paulo colecionador de imagens de aeronaves e passou a ajudá-lo com as informações. "Ele foi 'uns' cinco sábados lá e falou: 'vou trazer um negócio para você'".
O presente, mostra com orgulho. Uma caixa com aproximadamente 300 fotos de aviões. Se embarcasse em uma das aeronaves das fotos, Santos responde rapidamente para onde gostaria de ir. O destino seria a Bahia. "Um tempo atrás eu tinha medo de voar, mas poxa, uma coisa que eu gosto bastante e tenho medo, falei não tem que ser assim. Então comecei a enfrentar o medo. Agora quando eu tiver uma oportunidade..".

Obras em Viracopos
O terminal aéreo de Campinas foi concedido à iniciativa privada em 2012 e, em agosto do mesmo ano, as obras foram iniciadas. A principal atividade na primeira fase de expansão é a construção do novo terminal de passageiros. Segundo o Consórcio Construtor Viracopos (CCV), do total de funcionários, 2,9 mil são terceirizados e 4 mil contratados diretamente. Desde o início do trabalho, foram três graves acidentes, com duas mortes.
Dos trabalhadores contratados pelo CCV, 14% são do Nordeste. Do Sul e Sudeste, 13%, Norte, 1%, Centro-Oeste, 1%,  e a maioria, 71%, é da região de Campinas. Segundo o consórcio construtor, há funcionários de praticamente todos os estados nas obras. A média de idade deles é de aproximadamente 33 anos anos.

Fonte G1

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